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Uniflex em casa com Decornautas


Com quase 100 mil seguidores no Instagram, os Decornautas Allex Colontonio e André Rodrigues badalam e abalam o mercado editorial brasileiro.

Possuidores de uma mente brilhante que encontramos em poucos, a dupla já passou – e dirigiu – pelos mais bacanas editoriais. Hoje, pilotam a POP-SE, um ‘art book’ – a última edição contou com 466 páginas – sobre arte, arquitetura, comportamento, cultura, design, lifestyle, moda, gastronomia e, não podia faltar, é claro: polêmica! Sim, quando abordam artigos que nos faz refletir sobre a Amazônia, etnias e a beleza do morar-bem, afinal, que mal tem?

Protagonistas desta edição, Uniflex invade – pedindo licença, é claro! – o universo da dupla que conta: como e quando se conheceram, por onde passaram, impresso, on-line…

Uniflex | Formação: ano, onde e qual universidade?
 
Decornautas | Ambos somos formados em Jornalismo, com diploma na parede e tudo. Rsrsrs! Allex Colontonio (que chegou a estudar cinema até metade do curso) concluiu a universidade em 1998. André, que também estudou Letras (primeira formação completa), bacharelou-se também em Jornalismo em 2000.
 
Uniflex | Quando e como deu-se o início à carreira de Allex Colontonio e André Rodrigues?
 
Decornautas | Copiamos aqui um trechinho que escreveram sobre a gente na revista Gente Que Faz: “Os Decornautas estão entre os diretores criativos e digital influencers mais onipresentes do circuito. Allex Colontonio foi editor-chefe da revista Casa Vogue durante mais de 10 anos, criou a Wish Casa e reposicionou a KAZA, além de ter sido pioneiro na web com o blog allexincasa, no IG, e assinar best-sellers do mercado. Além disso, atuou como diretor do Memorial da América Latina entre 2017 e 2018. André Rodrigues passou por títulos como Vogue, RG, criou e dirigiu o portal do São Paulo Fashion Week, além das revistas MAG, Joyce Pascowitch e L’Officiel. Juntos, assinaram o projeto da revista GIZ. Atualmente, a dupla encabeça um título impresso próprio: a POP-SE, revista sobre arquitetura, design, comportamento e cultura pop em geral, com mais de 500 páginas, papéis certificados e recursos gráficos premiados (SPD – Society of Publication Designers, Bienal Conlatingraf, Brasil Design Awards, entre outros).”

Uniflex | Quando e como deu-se o início à união da dupla?
 
Decornautas | O tempo nos transformou em irmãos. André é a pessoa mais importante da minha vida. Em 2000, nos conhecemos por meio de um amigo em comum e, desde então, não desgrudamos – nem na vida pessoal nem na profissional! Trabalhamos juntos na RG, depois André trilhou uma carreira na moda, editando grandes títulos. Nunca deixamos de colaborar profissionalmente um com o outro, durante todos esses anos (chegamos a escrever livros juntos). Mas voltamos a trabalhar pra valer lado a lado na revista Kaza, em 2012.

Foto: Alain Brugier

Uniflex | Para Allex e André, qual a importância de uma formação universitária no mundo contemporâneo com ênfase, principalmente, no jornalismo?
 
Decornautas | Com um celular na mão, equipado com câmera e bloco de notas, todo mundo se acha meio jornalista hoje em dia, né? Além desse fenômeno, considerando a qualidade do ensino hoje no Brasil, muitas pessoas talvez julguem nossa resposta questionável. Mas ainda achamos importantíssima a formação acadêmica por conta das bases técnicas oferecidas, já que “a nova mídia” muitas vezes é tocada por pessoas que não possuem muita noção de comunicação social e acabamos trombando com algumas subversões nos princípios éticos da reportagem, da apuração, da checagem das fontes, além de textos que muitas vezes pecam feio com a nossa língua portuguesa. Claro que a experiência de campo é o que, de fato, constrói um profissional. Mas defendemos a formação acadêmica com unhas e dentes.
 
Uniflex | Há pouco mais de dez anos iniciou-se a discussão sobre a sobrevivência do jornalismo impresso em paralelo ao digital. Para a Allex e André, o papel fica? Se sim, com novo formato, nova forma de comunicação ou ambos?
 
Decornautas | A informação mais rápida, ligeira e rasteira pode ser acessada na palma da sua mão, num piscar de olhos. Não competimos com ela, ao contrário: também fizemos da Internet um braço expressivo do nosso trabalho. Mas a mídia impressa se faz fundamental principalmente numa época em que as mídias sociais são capazes de conduzir aiatolás ao poder. Veículos materiais, físicos, demandam muito mais investimento, mais responsabilidade e, consequentemente, maior apuro jornalístico – em decorrência disso tudo, um pouco mais de credibilidade. O aspecto tangível, palpável, também é importante, já que trabalhamos com grandes produções fotográficas que perderiam a qualidade na web. Por essas e outras, no nosso meio, especificamente, apostamos tanto na força da peça gráfica como embalagem de um conteúdo extremamente cuidadoso, já que arquitetos e designers geralmente têm uma relação mais orgânica com o papel. Fazemos uma revista colecionável, trimestral, com cara, conteúdo e atitude de livro de arte, próxima a um table book, justamente por conta desses critérios.
 
Uniflex | Com uma velocidade impressionante, muitas vezes com informações que colocam ‘em cheque’ a veracidade do conteúdo, o universo on-line invadiu o dia a dia e até a privacidade das pessoas. O que dizer a respeito: falta de ética, de profissionalismo, sensacionalismo, ego?
 
Decornautas | Na década de 1950, o comunicólogo canadense Marshall McLuhan previu que as civilizações contemporâneas iriam se conectar por meio de uma rede tecnológica, a fim de estabelecer uma nova “aldeia global”. O universo virtual é exatamente isso: uma ferramenta hi-tech que nos liga uns aos outros e ao mundo. A falta de ética ou o excesso de ego não são inerentes à virtualidade, mas, sim, ao ser humano – acontece que o anonimato on-line coloca uma lente de aumento sobre esse tipo de comportamento.
 
Uniflex | Ainda sobre câmeras, sensacionalismo, exibicionismo e imediatismo – gravar, espionar as pessoas e até mesmo monitorá-las –, tirando o aspecto político e governamental, o livro “1984”, concluído em 1948 e publicado em 1949 por George Orwell, reflete o que vivemos em 2019? Sim ou não, por quê?
 
Decornautas | Orwell é um dos gênios que previu o formato de sociedade em que vivemos. Outros também o fizeram, como o Andy Warhol ao preconizar que, no futuro, todos teríamos 15 minutos de fama – ou, na real, 15 segundos de Stories. Muitos escritores apontaram nessa direção: Richard Dawkins, James Lovelock, Jeremy Rifkin – a gente aqui observa o mundo em cima do ombro desses e outros gigantes. Sem hipocrisias, também nos valemos de toda essa cultura do “voyeurismo” em nosso trabalho.
 
Uniflex | Vocês estiveram à frente de grandes editoriais impressos no Brasil. Hoje, pilotam a pop ‘POP-SE’. Quem conhece a dupla, sabe que ela está entre as mentes mais criativas e conectadas para desenvolver um projeto editorial. Como é para Allex e André esse reconhecimento?
 
Decornautas | Muito obrigado pela gentileza! A gente fica muito feliz quando vê que as pessoas estão engajadas na POP-SE. Mas, ao mesmo tempo, não é algo que a gente fica pensando muito… Alguém já disse que a vaidade é o único sentimento que embota a inteligência, então, procuramos evitá-la, porque nesse business, é ralação diária mesmo, sem espaço para ego (não somos herdeiros e dependemos das conquistas diárias para poder viabilizar esse projeto). Aprendemos, na tentativa e no erro, que nunca podemos acreditar muito nos elogios – nem nas críticas. Nosso segredo é muito suor, 100% inspiração e 1.000% transpiração: trabalhamos incansavelmente, custe o que custar, e fazemos questão de tentar ser originais, de fazer aquilo que ninguém está fazendo, de botar as mãos na massa mesmo (temos uma equipe fabulosa, mas trabalhamos junto com eles em todas as etapas do processo – todas mesmo, sem nenhuma exceção). A gente acredita que o trabalho é o que traz foco e propósito para a vida das pessoas e que algo, para ter a sua cara e chegar onde você quer chegar, sem ruídos, tem que ser feito por você. É mais do que ter uma ideia e dirigi-la. Sempre e invariavelmente somos nós quem escolhemos e ajudamos a produzir as locações e cenários, ajudamos a vestir os personagens, participamos dos layouts, escrevemos os textos…
 
Uniflex | A Decornautas Design House é o local que abriga a equipe da ‘POP-SE’. Nos falem um pouco sobre a casa e qual a sua proposta?
 
Decornautas | Em primeiro lugar, trata-se da nossa casa, logo, nosso porto seguro e receptáculo das nossas escolhas de vida, as estéticas e éticas, inclusive. A Decornautas Design House é a resposta a um pedido do mercado. Nosso apartamento anterior foi publicado em mais de 50 veículos ao redor do mundo, de capas de revista na Alemanha a sites na Coreia do Sul. Muitas pessoas pediam para conhecer, as marcas queriam fazer experiências conosco… Mas não havia espaço físico suficiente. Logo, sempre houve uma expectativa de compartilhamento dos nossos espaços, com as nossas ideologias aplicadas à vida prática, uma vez que fazemos críticas ferrenhas ligadas a questões como sustentabilidade, à defesa de produtos originais, à valorização dos designers… Por aqui, exercitamos tudo isso, diariamente, com a ajuda de um elenco estreladíssimo de arquitetos que nos representam, que operam nos mesmos patamares ecológicos e autorais que a gente. E, ocasionalmente, recebemos grupos para compartilhar essas experiências. Desde o DW para cá, mais de 1.500 arquitetos passaram pela Design House. A redação da POP-SE funciona como um escritório à parte da casa, numa área que não passa, necessariamente, pela nossa vida privada em si. Estabelecer esses limites, e saber mostrar as nossas veias na hora certa, é fundamental.
 
Uniflex | Na Europa é muito comum dividir o espaço em que se vive/mora com o escritório, galeria etc. No Brasil, esse jeito de viver, ainda, é pouco explorado. É preciso muita disciplina para saber distanciar a morada do trabalho e vice-versa? Como é viver essa experiência?
 
Decornautas | Abrimos a casa em dias específicos, com muita programação, já que há um compromisso de não varrer nada para debaixo do tapete (é a vida como ela é, mas com a nossa intimidade exibida com hora marcada). Cada dia pra gente tem sido uma nova descoberta. Estamos reaprendendo a lidar com os limites entre o público e o privado. Mas, por outro lado, foi uma escolha consciente que fizemos: então sabíamos exatamente onde estávamos nos enfiando! rsrsrsrs… No fim das contas, com o Instagram ativo até na hora do banho, a maioria das pessoas hoje em dia já mistura vida pessoal com profissional. No nosso caso, é uma experiência intensa em que o nosso lifestyle se mescla ao trabalho num ambiente super propício às ideias e criatividade – a nossa Decornautas Design House. Mas existem os limites e sabemos bem como impor isso.
 
Uniflex | A Decornautas Design House é um marco da arquitetura modernista. Ela é espaçosa, bem ventilada e iluminada. Qual foi a premissa para a escolha dos profissionais que repaginaram os ambientes da casa?
 
Decornautas | Trata-se de uma casa de 1954, construída com inspiração nas grandes glass houses norte-americanas. Queríamos preservar a arquitetura original, ao mesmo tempo em que precisávamos imprimir nossas digitais em cada cantinho, sem forçar a barra. Não se trata de uma mostra de décor, nada é efêmero e tudo precisaria funcionar. Conviver com espaços nas quais não acreditávamos seria impossível, daí a escolha de um elenco que faz “match” com nossas ideologias arquitetônicas. O diferencial estava justamente aí: apresentar projetos de design de interiores autênticos, originais, com uma experiência real de uso, protagonizada por dois jornalistas com tradição neste segmento, ao lado dos principais players. Assim, temos um elenco essencialmente jovem, que representa a nova pele da arquitetura, em diferentes estilos e níveis de projeção: Gui Torres, Triart, WeLight + Decornautas, Aldi Flosi + Bruno Rangel, João Martins, Gustavo Neves, Studio CASAdesign, Nildo José, BC Arquitetos, Studio 011, RCB Arquitetura, Marcelo Salum, Juliana Pippi, Luiz Carlos Orsini e Ricardo Caporossi.
 
Uniflex | As janelas e grandes vãos da Decornautas Design House foram completamente vestidos com cortinas e persianas Uniflex. A dupla pode nos dizer como está sendo a experiência de conviver, dia a dia, com os produtos da marca?
 
Decornautas | Escolher os principais players de cada segmento era condição sine qua non para viabilizar o projeto (nenhuma marca foi uma “segunda opção” e conseguimos o “sim” de cada ponta de lança de sua área, a começar pelas persianas). A parceria com a Uniflex vem de outros carnavais. Nosso apê anterior, assim como o nosso antigo escritório, serviram-se da performance desse label-referência que sempre apostou na gente e no qual a gente também sempre apostou – para ser bom, você precisa se juntar apenas aos bons, senão, invariavelmente, vai dar ruim! rsrsrs Somos apaixonados pelas cortinas e persianas que a Uniflex trouxe para dentro da Design House, atendendo panoramicamente a cada pedido de cada arquiteto (e, acredite, os briefings eram extremamente diferentes entre si, muitos deles absolutamente customizados). Até já absorvemos a rotina de abrir e fechar tudo todos os dias, o que inicialmente não estava previsto no escopo. A casa foi construída no terreno de modo que sua fachada é atingida pelo sol durante toda a manhã: justamente onde fica a escultura do Emanoel Araújo, os tapetes coloridíssimos da By Kamy, o sofá amarelo do Gui Torres… Muitas cores que precisam ser preservadas! De tarde, o sol migra para a outra face da casa, com incidência direta sobre todas as suítes. E como se trata de uma arquitetura modernista, uma casa de vidro onde os limites entre dentro e fora se confundem, com janelas em fita, vãos livres e ventilação cruzada, conseguimos também mais privacidade com os produtos Uniflex.